Tecnologia contra o câncer

Este artigo foi publicado no dia 11/02/2020 na minha coluna no Portal Batalha das STARTUPS

Dos filmes de ficção científica à realidade em menos de 40 anos. Estamos literalmente voando em direção à cura

A ciência segue os caminhos da ficção mais uma vez.

Em 1987, fui à locadora e aluguei um filme com o casal da moda àquela época, Meg Ryan e Dennis Quaid, Viagem insólita. Me lembro que a sinopse era, Tuck Pendleton (Dennis Quaid), um piloto de teste da Marinha, se ofereceu para uma experiência médica altamente perigosa: um submarino com Tuck no comando foi encolhido até o tamanho molecular, para ser inserido no corpo de um coelho vivo. Se bem-sucedido, o teste poderia resultar em inovações radicais em técnicas cirúrgicas. Entretanto, alguns ladrões tentam roubar Tuck e o submarino enquanto ambos estavam miniaturizados e, por acidente, Tuck e o submarino acabam sendo injetados no corpo de Jack Putter (Martin Short), um amável balconista hipocondríaco. Assim, Jack tem de lidar com coisas que nunca mexeu na vida para tentar salvar Tuck.

Em 1989, a autora Joanna Cole lança The Magic School Inside Human Body (A Escola Mágica por Dentro do Corpo Humano, em tradução literal), seu terceiro livro da serie de um ônibus mágico que se encolhia e entrava no corpo humano para mostrar e ensinar às crianças seu funcionamento. Após alguns anos a serie virou desenho animado.

Nunca saberemos se a ciência imitou a ficção ou vice-versa, mas o que sabemos é que estamos cada vez mais próximos da era em que “naves” microscópicas viajarão pelo nosso corpo, detectando e tratando doenças.

A nanotecnologia é uma ciência que se dedica ao estudo da manipulação da matéria numa escala atômica e molecular lidando com estruturas entre 1 e 1000 nanômetros.

Para se perceber o que isto significa, considere uma praia de 1.000 km de extensão e um grão de areia de 1 mm, este grão está para esta praia como um nanômetro está para o metro. (1×10−9 metros)

O Observatório BE&SK tem acompanhado dezenas de iniciativas de nanorrobôs que são introduzidos no corpo humano para aplicar medicamento diretamente nas células cancerosas, aumentando muito a assertividade do tratamento e evitando os efeitos colaterais.

Porém, de todas as pesquisas neste sentido, uma deles me chamou a atenção, foi um estudo publicado no jornal Nature Biotechnology, onde os cientistas da Universidade Estadual do Arizona (ASU), em colaboração com pesquisadores do Centro Nacional de Nanociência e Tecnologia (NCNST), da Academia Chinesa de Ciências, programaram com sucesso os nanorrobôs para reduzir tumores cortando sua irrigação sanguínea. Este método se mostrou muito eficaz, reduzindo rápida e sensivelmente os tumores, e em alguns casos, eliminando-os totalmente.

A nanotecnologia tem ajudado a medicina a avançar rumo à cura de doenças realmente graves, e este avanço é digno da sociedade exponencial em que vivemos. Tudo indica que estamos no caminho certo, porém, ainda temos muitos anos pela frente para dominar a tecnologia, testa-la e valida-la para que possa ser aplicada em massa. Se passarão décadas talvez.

E o que fazer até que isso seja uma realidade, técnica e economicamente viável, para o brasileiro médio?

Podemos rezar para não ser afetado por uma doença grave e, se for afetado, rezar para ser curado pelos tratamentos disponíveis hoje.

Mas longe de cruzar os braços e esperar que outros façam alguma coisa, temos pessoas que, movidas por um propósito, pela dor da perda de um ser querido, ou por ambas, estão fazendo realmente a diferença em nossas vidas.

Nutricionistas da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) desenvolveram um produto que atende às necessidades dos pacientes que receberam quimioterapia: com alto valor nutricional, alimenta e alivia os efeitos colaterais do tratamento.

Uma empresa de sorvetes se interessou pelo projeto e começou a fabricar o Ypy, nos sabores chocolate, morango e limão. A diferença dele para o produto comum está na composição – e não exatamente no gosto.

Outro exemplo é o caso do engenheiro Joel de Oliveira Junior, que, tendo perdido um filho para o câncer, desenvolveu um dispositivo, em formato de curativo, que monitora on-line e envia alertas sobre o estado de saúde dos pacientes.

Sabemos que o tratamento contra o câncer é agressivo e debilita a saúde do paciente, deixando seu sistema imunológico baixo e abrindo às portas do organismo para qualquer doença. Portanto, é fundamental monitorar e atuar rápido ante qualquer intercorrência.

Segundo Joel, fundador da Luckie Tech, “O objetivo é oferecer uma solução simples e acessível para garantir o bem-estar e afastar riscos durante o tratamento de câncer em crianças e adolescentes”.

Não precisamos esperar e não precisamos necessariamente importar. Temos iniciativas no Brasil que aplicam tecnologia pensando no ser humano.

A tecnologia da Luckie Tech já está sendo analisada em outros países como EUA, Suécia, Finlândia, Emirados Árabes para diminuir a taxa de mortalidade nas crianças em tratamento.

É inspirador ver como pessoas converter a dor da perda em força para transformar o futuro de outras pessoas.

Na mesma linha que descrevi no artigo “Inovação com propósito”, Joel participará como palestrante no evento da Tecno-Humanização, com a palestra “Tecnologia sem propósito é vazia”. E posso garantir que por essa palestra, meu caro leitor, você não perde por esperar.

Imagens: Pixabay

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