CFO, de finanças à prosperidade

Este artigo foi publicado no dia 12/03/2020 na minha coluna no IT Forum 365

O diretor financeiro no passado cuidava das finanças, depois da performance, agora da prosperidade

 

Bom dia Pedro!

Não!

Era assim que me atendia um diretor financeiro que trabalhei, naquela época eu era diretor de uma unidade de negócio, e cada vez que qualquer diretor de comercial aparecia na sala dele, ele me recebia com enorme não, e um grande sorriso.

Segundo ele, os responsáveis comerciais e de desenvolvimento de negócios dizíamos sim a tudo, e para equilibrar, ele precisava dizer “não” a quase tudo.

Com esta atitude inocente e aparentemente benéfica para empresa, ele nos colocava em lados opostos da mesa onde todos comíamos.

Segundo ele, marketing gasta, TI gasta muito, vendas, pela pressão dos resultados, aceita tudo o que o cliente pede, então, alguém tem que trancar o cofre e esconder a chave.

Bem, este estilo de diretor financeiro ficou no início dos anos 2.000, depois surgiu o CFO como braço direito do CEO, auxiliando no desenho da estratégia.

O CFO tem uma visão sistêmica da organização e pode ajudar a todas as áreas a se desenvolverem.

Hoje, com a tecnologia, grandes consultorias, como Delloite, apostam na figura de um CFO que utiliza tecnologia em seu departamento, automatizando tarefas repetitivas, aumentando o rendimento e a assertividade de seu trabalho.

Atuando como hub agregador dos dados da empresa, transformando-os em informação que são necessárias para a tomada de decisão.

O executivo de finanças poderá atuar próximo à área de vendas para discutir política de desconto, marketing para definir a viabilidade de novos produtos e preços, ampliações, mudanças, investimentos, e todo tipo de decisões precisam de apoio e embasamento.

Outro ponto que o CFO pode, e tem apoiado, é nos indicadores de rendimento e controle. Algumas literaturas estão falando da transformação do CFO em CPO (Chief Performance Officer).

Melhorar o rendimento e otimizar cada parte da empresa é importante, porém, no modelo de uma organização Tecno-Humanizada, a gestão dos processos fica sob o responsável de eficiência, eficácia e viabilização tecnológica (antigo CIO).

E, no modelo Tecno-Humanizado, o CFO passa a ser o responsável pela prosperidade. Isso implica ampliar o raio de ação dos resultados financeiros à olhar também o impacto social e impacto meio ambiental.

Isso implica substituir o modelo de bottom line (lucro) pelo de triple bottom line (lucro, impacto social e impacto meio ambiental). E toda a operação será analisada desta forma.

Porém, esta mudança deve ser genuína, a área de responsabilidade social corporativa (RSC) eliminada ou transformada na área de impacto social. A mudança é significativa!

A responsabilidade social corporativa, na imensa maioria dos casos, se dedica a mitigar o impacto da operação da empresa, ou em ações de give back. Em muitas ocasiões se trata de fazer caridade por marketing. Ações, que mesmo sendo bem-intencionadas, funcionam mais como limpeza de consciência que efetivamente como impacto positivo verdadeiro.

A RSC deve ser deixar de se preocupar em limpar as pegadas negativas e a nova visão de impacto social e meio ambiental, deve atuar no desenho de uma organização mais consciente e humanizada em sua essência. Assim, não é necessário limpar depois.

É como trocar o conceito de jogar lixo fora ou reciclar lixo. É isso que buscamos na organização.

Não existe jogar lixo fora, você joga fora da sua casa, mas está no seu bairro, depois a prefeitura leva o lixo do seu bairro, mas está na sua cidade, depois no seu estado, no seu país ou no seu planeta.

O lixo nunca está fora, ele sempre está dentro do seu ecossistema.

Reciclar é transformar um material, que poderia ser nocivo em algo que o planeta possa assimilar ou reutilizar.

Neste caso é o mesmo conceito, antes o CFO controlava somente o resultado financeiro da empresa, comparando com o objetivo marcado pelo planejamento estratégico.

Em qualquer caso, sempre olhando para o próprio umbigo.

Esta visão não é mais suficiente para uma organização Tecno-Humanizada.

Se desenharmos e gerirmos uma organização sob estas bases do triple bottom line, o CFO se converte no responsável pela prosperidade, não somente da organização, mas ajudando a construir uma sociedade.

Como já comentamos em diferentes artigos, organizações conscientes e humanizadas são mais rentáveis, portanto, este modelo Tecno-Humanizado permite a organização criar riqueza sem gerar miséria.

Imagens: Pixabay e BE&SK

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